DestaquesMundo

Primeiro-ministro de Cabo Verde admite adesão à NATO

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, admitiu nesta terça-feira a possibilidade de Cabo Verde pedir a integração na NATO, tendo em conta a necessidade de parcerias para reduzir vulnerabilidades e face à localização geoestratégica do arquipélago.

A posição foi assumida por Ulisses Correia e Silva em entrevista à agência Lusa, na cidade da Praia, na véspera do anual debate sobre o estado da Nação, que se realiza quarta-feira na Assembleia Nacional.

“A NATO podia ser uma perspectiva. Nós estamos numa construção que tem este triângulo: Estados Unidos da América, Cabo Verde e Europa. A questão de segurança é fulcral, não é que seja uma ameaça actualmente, mas nós temos de trabalhar numa perspectiva de futuro, não só para reduzir as vulnerabilidades do país, mas para podermos aumentar a nossa utilidade no ponto onde nós nos situamos“, afirmou o primeiro-ministro.

De acordo com os dados do governo, Cabo Verde aguarda uma decisão da ONU sobre o projecto de extensão da plataforma territorial das 200 milhas náuticas (370 quilómetros) actuais (Zona Económica Exclusiva) para um máximo de 350 milhas náuticas (650 quilómetros).

Ulisses Correia e Silva admite a entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO na sigla em inglês), aliança militar que completou em 2019 os 70 anos e que junta 29 países, como uma das soluções, até tendo em conta o reforço da parceria com a União Europeia .

“Onde possamos ter utilidade na segurança cooperativa e possamos também beneficiar da boa relação de parceria em matéria de segurança”, enfatizou o governante, destacando que a localização de Cabo Verde impõe a criação e reforço de “mecanismos de segurança”.

A ideia, sublinhou o primeiro-ministro, é “reduzir as vulnerabilidades”, tendo em conta, desde logo, a “vasta área marítima que precisa de ser protegida”, e “que tem recursos”, mas que também “está na rota” de diversos tráficos .

Sem meios suficientes para garantir essa protecção, Ulisses Correia e Silva diz que a solução é ter “boas parcerias”.

“Nós estamos a trabalhar, quer na perspectiva com os Estados Unidos da América quer na Europa, no sentido de podermos ter essa utilidade e podermos beneficiar”, afirmou.

Para Ulisses Correia e Silva, o tempo é também de “aumentar” o “nível da integração” que Cabo Verde já tem com o espaço europeu, nomeadamente na defesa e segurança, depois do caminho económico já realizado desde 2007, com a aplicação do programa previsto na Parceria Especial com a União Europeia .

“O que nós dissemos é que estaremos, numa perspectiva económica, na quase integração [na União Europeia]. E repare que mais de 80% do comércio que Cabo Verde faz é com a Europa. O essencial do investimento directo estrangeiro vem da Europa. O essencial do turismo vem da Europa”, apontou ainda .

Uma relação que , disse, coloca Cabo Verde “no quadro das convergências” com a Europa: “Por isso nós temos que gerir bem a nossa inflação, a nossa dívida, o nosso défice orçamental”.

Cabo Verde integra a Comunidade Económica dos Estados da África Cetral (CEDEAO), posição que para Ulisses Correia e Silva é”potenciada” por o país “funcionar como plataforma de tudo o que são relações de investimento, de comércio, entre o resto do mundo e o continente africano”.

Ulisses Correia e Silva acrescentou que em Outubro, no arranque do novo ano parlamentar, a ratificação da adesão de Cabo Verde ao Acordo de Livre-Comércio Continental Africano ( AFCFTA, sigla em inglês) vai chegar à Assembleia Nacional depois de já ter sido aprovada em Conselho de Ministros.

“Cabo Verde, como um país pequeno, deve de a liberdade de comércio e não podia ser de outra forma (…) tudo o que é abertura e mercados interessa-nos e fazemos parte desse processo”, salientou.

O AfCFTA permitirá criar o maior mercado do mundo com um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado a ascender a 2,5 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros)

Cabo Verde assume ainda, este ano, a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, além da prioridade ao acordo sobre a mobilidade interna, a criação de um instrumento que reúna todos os financiamentos dentro da organização está também no horizonte. Um projecto que, explicou Ulisses Correia e Silva, ainda necessita de estudos, mas a solução, admite, pode passar por um banco de investimento da CPLP.

Fonte: Lusa

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading