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Produtores angolanos pedem apoio para tornar café mais valioso do que diamantes

Os produtores angolanos de café reclamam o subsídio estatal à produção, para o tornar no segundo produto de exportação, face aos atuais níveis, de 7.500 toneladas anuais, equivalente a menos de 5% do que era produzido no período colonial.

“Mas é preciso que alguém trabalhe o café, precisamos de fixar os mais novos. E depois precisamos de financiamento, de estradas e de subsídios”, defendeu o presidente da Cafang, à margem do habitual encontro mensal organizado pela Câmara de Comércio Estados Unidos – Angola, realizado na noite de sexta-feira, em Luanda.

Este encontro serviu para abordar, com empresários, as oportunidades do setor do café em Angola e o relançamento da sua cultura, negócio que atualmente vale pouco mais de 15 milhões de dólares de faturação, com as variantes Arábica e Robusta.

Segundo Sara Bravo, presidente do Fundo de Desenvolvimento do Café de Angola (FDCA), com uma aposta forte no setor, retomando os níveis de produção do passado, o país teria condições para garantir uma quota de 10% das necessidades internacionais, gerando um volume de negócios superior a 2.000 milhões de dólares. Ou seja, praticamente o dobro do que rende a exportação de diamantes, que são atualmente o segundo produto de exportação de Angola.

Contudo, admitiu Sara Bravo, à margem do mesmo encontro, até lá, os desafios do café angolano “ainda são muitos”. “Faltam insumos, há um baixo fornecimento de mudas, de instrumentos de trabalho e de qualidade. Fazemos muito trabalho manual, há falta de adubos e temos uma infraestrutura muito fraca, temos poucos descasques e apenas duas máquinas de beneficiamento do café no país”, lamentou.

A produção de café, que até 1974 foi a principal fonte de receitas de Angola, chegou a cair até um mínimo de 1.241 toneladas em 2001. O êxodo dos agricultores após a independência, em 1975, a falta de gestão qualificada das terras e a destruição provocada pela guerra ajudam a explicar um cenário que reduziu os 596.000 hectares de cultivo de café para os atuais 53.000 hectares e 25.000 produtores, sobretudo nas províncias do Uíge e do Cuanza Sul.

Para alterar este cenário, o FDCA defende a reestruturação e modernização do setor, admitindo avançar para contratos de partilha com os produtores. O problema é que com uma dotação à volta de 300 milhões de kwanzas (um milhão de euros), pouco pode fazer: “É mesmo difícil fazer a promoção do café sem os fundos, mas o trabalho está aí, tem de ser feito e com os poucos recursos vamos fazendo alguma coisa, dando algum apoio, mas não é suficiente”, admite Sara Bravo.

Fonte: Lusa

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