Eugénio Costa AlmeidaOpinião

Reflexões 8: “pra-já” um “Kandandu” ao “comboio turístico”, mas…

1. O zoólogo austríaco e Nobel de Medicina, Konrad Zacharias Lorenz (1903-1989) afirmava estar convencido de ter sido descoberto o elo perdido entre a animais e o Homem civilizado: éramos nós!!

De facto, só a nossa habitual cupidez de mostrar o que, na realidade, não somos, é que pode fazer com que cérebros iluminados, mas pouco civilizados, segundo o matutino português Público – e que o Vivências Press News (VPN) citando o jornal Kandandu também faz referência e que ainda nada vi, ao fim de quase um ia, desmentido da parte nacional – podem mandar fazer parar a circulação, por 11 – leia-se, e repita-se, ONZE – dias, do Caminho e Ferro de Benguela (CFB), entre “26 de Julho e 6 de Agosto” (???), para que um comboio turístico circule, livremente, pelos 1340 km da linha Lobito-Luau. 

Uma nota que ressalva do texto do Público. Como o comboio chegou ao Lobito no passado dia 30 de Julho, não se compreende esta paragem até à próxima terça-feira, 6 de Agosto. Será por causa do regresso? e até lá, e enquanto estiver no Lobito, a circulação não poderia ser efectuada? ou as datas do Público estão erradas ou a falta de reconhecimento profissional dos nossos cantoneiros, sobretudo entre as equipas de manutenção chinesas – desculpem, mas ainda não foram formadas equipas nacionais de manutenção ao fim destes anos todos? –, que surge descrito no texto, por parte da administração, é tão grande que nem quiseram arriscar? Algo vai muito mal no “nosso reino dinamarquês”…

Resumindo, circulou um comboio particular, da empresa sul-africana Rovos Rail, em detrimento de circulação férrea nacional – como o texto é omisso, presumo que devem ter mandado parra toda a circulação férrea: quer a de mercadorias, quer a de passageiros –; mandar encerrar à circulação habitual a maior linha férrea nacional, não cabe na cabeça de ninguém.

Coube, pelos vistos, aos tais iluminados que, provavelmente, nunca fizeram a travessia férrea do CFB. Eu também nunca fiz, nem antes, nem depois da linha ter sido reabilitada. Mas tenho a certeza que os chineses – que podem ser muita coisa, mas estúpidos não são –, e apesar da linha ser “via única” – penso que é assim que se define uma linha não dupla, como é o nosso caso – e na maioria da extensão de todas as nossas linhas férreas –, nas estações. pelo menos nestas, e, talvez em alguns apeadeiros, devem ter sido colocadas vias duplas, não só para permitir a circulação simultânea de, pelo menos, dois comboios em sentidos contrários, como, também, isso deve ter sido feito em certas zonas do percurso.

Ainda assim, sabe-se, infelizmente, que tem havido acidentes ferroviários nas linhas do CFB, mas…

Mas como se pode aceitar que circulação ferroviária tenha sido posta em causa pelo facto de estar a circular um comboio turístico, particular, pago a peso de ouro pelos turistas? Já agora, será que a emprega turística que contratou o comboio em Dar-es-Salam pagou por usar a linha férrea nacional, ou, até isso lhes foi “ofertado”? Só por curiosidade…

Queremos turistas no País. Angola tem potencialidades enormes par desenvolver quer o turismo rico, como o turismo de massas. Mas sejamos civilizados e não, absurdamente, pacóvios e aquilo que alguns, nomeadamente os nossos irmãos da outra margem – cada vez, politicamente, menos irmãos – persistem em ser: copiadores do que acham que os outros dizem ou fazem, porque estes é que são melhores.

Não! Nós somos tão bons ou melhores que os outros. Temos de ser nós próprios e não o elo perdido!

2. Um enorme kandandu ao grupo Vivências Press, de que faz parte o VPN, pelo lançamento, no passado dia 26 de Julho, do jornal Kandandu, que, infelizmente por estar fora de Lisboa, não pude assistir ao vivo. Ao Armindo Laureano e a toda a equipa os meus parabéns e votos que tenha tanto êxito como está a ter o VPN! Kandandu e Twapandula meus Kambas!

3. Abel Chivukuvuku fez, hoje, a apresentação e entrega no Tribunal Constitucional do seu novo projecto político: o Partido do Renascimento Angolano – Juntos por Angola (PRA-JA) que, segundo o seu mentor tem por objectivos “despertar consciências, sacudir amarras e rejeitar definitivamente o passado, caracterizado por décadas de sofrimento, de pobreza e de indigência…décadas de expectativas geladas e de sonhos nunca realizados, de governação anti-patriótica, insensível, incompetente e corrupta, bem como considera ter chegado a hora para uma urgente reforma constitucional e do modelo de Estado, uma só pessoa a mandar em 28/29 milhões de angolanos isso é do passado, não pode continuar”.

* Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e investigação para Pós-Doutorado pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado


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