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Reis Campos: “Corremos o risco de não fazer parte do futuro de Angola”

O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário pede coragem política para enfrentar o problema que está criado com Angola. Para as empresas portuguesas, “o assunto é grave”, diz.

O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário está preocupado com a situação em Angola, na sequência do caso que envolve o ex-vice-presidente Manuel Vicente. Reis Campos diz mesmo que “corremos o risco de não fazer parte do futuro de Angola”.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, publicada esta terça-feira, Reis Campos lembra que o continente africano representa 49,2% do volume de negócios das empresas portuguesas e que Angola representa cerca de metade.

“Angola tem um novo ciclo político. Este problema político que tem a ver com um problema jurídico coloca questões sérias a Portugal e também ao setor da construção“, afirma Reis Campos. Para resolver a questão, o presidente da Confederação da Construção pede diplomacia. “Tem de haver uma forma de diplomacia. É impensável que as empresas portuguesas não façam parte do futuro de Angola. Se há país com potencial, em termos de obras, é Angola”, acrescenta.

Ainda na mesma entrevista, o presidente da CPCI avisa que, apesar de haver um novo ciclo no setor, é preciso que haja contenção na tributação ao setor. Para Reis Campos, “parece que o imobiliário é uma fonte inesgotável de receitas, ou seja, há o IMI, o AIMI e, já se fala em tributar os residentes não habituais. Tem de haver alguma contenção, senão podemos criar desconfiança, que é o pior que pode acontecer ao nosso mercado”.

Questionado se pode existe uma bolha no setor do imobiliário, Reis Campos diz que os centros históricos de cidades como o Porto e Lisboa, onde os preços sofreram aumentos elevados, não são o espelho do país. “Nós não tínhamos alojamento local e bastou ter começado a aparecer com um peso de 6% a 7% para virem dizer que é preciso pôr cobro ao alojamento local. Nem os partidos se entendem. Deviam ver o que se está a passar em Londres ou Paris“, sublinha.

Para Reis Campos, o que existe é um regresso aos centros da cidade, mas sublinha que a escalada de preços fica por aqui. “Quem comprou, comprou. É um mercado que tem uma dimensão e esgotou-se. Os centros das cidades já foram inflacionados, mas esse mercado terminou”, garante.

Pacto político para investimento público
O presidente da Confederação da Construção defende um pacto político entre os partidos políticos com o objetivo de relançar as grandes obras públicas, e adianta que, “com esta solução de Governo, há hoje uma atenção diferente para com a construção”.

Apesar de o setor estar hoje longe da crise que o assolou, a verdade é que nem tudo são rosas. A banca, por exemplo, ainda não voltou a conceder crédito ao setor da construçãoe imobiliários, apesar de o setor dever hoje menos de metade do que devia às instituições financeiras em 2010. Para Reis Campos, a justificação é simples e deve-se ao facto “de a banca portuguesa ser hoje dominada por espanhóis”. “Entenderam que, se a construção estava mal em Espanha, também estava mal em Portugal, e daí ter havido um corte no financiamento do setor”, justifica o líder do setor da construção.

“Com esta solução de Governo, há hoje uma atenção diferente para com a construção.”

Reis Campos

Ainda assim, Reis Campos acredita que isso vai mudar: “Com as empresas a ficaram fortalecidas é natural que a banca volte a emprestar. Não tem outro remédio”.

Na extensa entrevista, Reis Campos fala ainda na falta de mão-de-obra do setor. O responsável diz que são precisos mais 70 mil trabalhadores para equilibrar o setor. Para compensar essa falta de trabalhadores, Reis Campos defende que se recorra ao centro de emprego, onde existem 57 mil trabalhadores com subsídios de desemprego e permitir que os trabalhadores estrangeiros ao serviço das empresas nacionais possam trabalhar em Portugal. Reis Campos defende uma maior fiscalização porque, adianta, “nunca tivemos tanta clandestinidade como hoje”.

Fonte: ECO/JN

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