
A Rússia enviou um juiz e um procurador a Portugal para interrogarem Rui Pinto, suspeito de furtar os mails do Benfica, mas não vão ter acesso aos seus segredos.
O Ministério Público de Portugal aceita cumprir apenas parte da carta rogatória. As perguntas podem ser feitas pelas autoridades portuguesas, mas os ficheiros não podem ser consultados.
O que a Rússia quer é claro: apanhar Rui Pinto, chegar aos seus segredos e perceber se foi ele quem denunciou esquemas de corrupção que atingem o governo russo. Querem imputar-lhe crimes e não pretendem a sua colaboração, como foi já pedido pelas autoridades francesas, belgas e holandesas.
Uma das situações em causa foram documentos revelados pela Football Leaks, que agora se sabe, eram obtidos pelo português que usava o nome John e que mostram que o Governo russo injectou 1,65 mil milhões de euros em três clubes daquele país: Zenit, Lokomotiv e Dínamo. Foi nos últimos cinco anos, em forma de patrocínios camuflados, numa violação clara das regras de fair play financeiro.
A investigação do jornal “The Black Sea”, que era baseada em balanços contabilísticos e trocas de documentação entre clubes russos e a UEFA, revela ainda que o comité de controlo financeiro da UEFA encobriu este esquema durante os anos que antecederam o Campeonato do Mundo de 2018. Com isso, conseguiram também subir no ranking da UEFA e colocar mais uma equipa na Champions.
Poderá também ter sido através de esquemas criminosos que conseguiram realizar o Mundial naquele país.
A carta rogatória dos russos poderá imputar a Rui Pinto crimes de espionagem que não estão configurados na lei portuguesa. Se assim for e se não houver uma garantia forte de que o pirata informático português terá um julgamento justo, nunca será extraditado para solo russo.
Também nem sequer é líquido que tudo o que os russos querem saber lhe seja perguntado. A Polícia Judiciária portuguesa (PJ) é que lidera a inquirição.
Fonte : CM