
Apesar de ainda não termos disponíveis os resultados definitivos das eleições de 7 de outubro, há conclusão que já podemos tirar e análise que podem ser feitas.
Antes de conhecermos os números provisórios na noite eleitoral, os dois grandes partidos (MLSTP e a ADI) assumiram as suas coligações. MLSTP assumiu uma coligação pós eleitoral com a coligação PCD/MDFM-UDD e a ADI, numa tentativa desesperada, assumiu uma coligação pós eleitoral com o Movimento dos Cidadãos. Ora bem, cada um dos blocos somam respetivamente 28 e 27 deputados. Portanto, a coligação formada por MLSTP/PCD/MDFM-UDD formam a maioria absoluta no futuro parlamento nacional.
Mas, se formos analisar os resultados específicos de cada um dos dois maiores partidos, os números são claro: ADI baixa de 33 para 25 deputados, perde portanto, 24% dos deputados no seu futuro grupo parlamentar, ao contrário, MLSTP sobe de 16 para 23 deputados, isto é, engorda o seu futuro grupo parlamentar em 44%. Há claramente uma transição de 7 deputados da ADI para MLSTP.
Mais, os resultados desastrosos da ADI não se resumem as legislativas. ADI perdeu três das cinco câmara municipais que tinha (Água Grande, Lobata e Lembá). Em suma, se é verdade que ADI fez uma extraordinária e espectacular campanha, tendo em conta os meios materiais, financeiros e especialistas em marketing e comunicação que dispunha, não é menos verdade que os resultados eleitorais foram espectacularmente desastrosos. Como diz o líder da ADI, e eu o acompanho na análise que fez dos resultados, “os resultados foram maus”. Reconheço que ainda é cedo para uma análise mais aprofundada acerca das razões do mau resultado da ADI, mas a intuição diz-me que o último discurso da campanha do líder da ADI, em que este foi deselegante para com o líder do MLSTP, teve reflexos na decisão dos eleitores. O líder da ADI e o futuro líder da oposição pagou caro a forma desrespeitosa e arrogante como tratou o líder do MLSTP e o futuro primeiro ministro.
Os resultados destas eleições mostram que é vontade dos santomenses eleitores terem um governo formado por uma coligação MLSTP/PCD/MDFM-UDD. Para ser sincero, não era esta a minha vontade.
Mas, por razões diferentes das minhas, tenho dúvidas que seja essa a vontade do Presidente da República. Com estes resultados, o Presidente da República tem a vida facilitada, mas, por outro lado, está perante um enorme desafio. O desafio de ser firme e convencer o seu partido – ADI – que não dispõe de condições necessárias para liderar um governo estável. Obviamente, o Presidente sofrerá pressões da parte da ADI. Mas, o Presidente da República foi eleito para, acima de tudo, defender os interesses do país e não os interesses partidários.
* Análise de Leoter Viegas, cidadão luso-santomense, residente em Ponta Delgada, nos Açores. É vice-presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA).