Sociedade civil, pois!

Estamos em período de eleições, mesmo se não declarado oficialmente. Mas não falarei do processo eleitoral e de disputas partidárias porque entendo que, no meu caso, isso não seria útil. Acresce que, em Angola, há excelentes analistas e jornalistas para acompanharem e se pronunciarem sobre este importante momento da vida nacional.
A minha intervenção cívica, agora, será falar de outras questões também importantes para o País. Ajuda-me o facto de ser um cidadão de pensamento independente, sem quaisquer compromissos políticos ou ligações a partidos, desde há décadas.
Há uma questão que me parece fundamental para que Angola possua um estado moderno na sua prática democrática e encontre um rumo de desenvolvimento sustentado com largos benefícios para todos os cidadãos. Essa questão refere-se à sociedade civil: qual a sua maturidade, qual a sua capacidade de intervenção na vida nacional em prol do progresso do País.
Primeiro temos de saber bem o que é a sociedade civil e as funções de cada parte que a compõem. No seu mais moderno conceito ela é constituída pelas múltiplas formas organizativas da sociedade para a expressão dos seus diferentes interesses, funcionando como porta-voz de sectores da população ou dos cidadãos em geral, face ao poder estatal, e na organização e usufruto do espaço e vida nacional.
Ou seja, fazem parte da sociedade civil associações empresariais, associações sindicais, associações culturais, de defesa do consumidor, de protecção do meio ambiente e de conservação da natureza, associações cooperativas, ordens de juristas, médicos, associações profissionais as mais diversas, associações de estudantes, organismos religiosos, associações desportivas, ligas de defesa dos direitos humanos, de defesa do género, de protecção infantil, de apoio a enfermos de várias doenças… Enfim, um enorme rol de organizações que nascem para defender interesses de grupo ou para partilha de ideais ou para fins humanitários e de serviço à comunidade.
Hoje ficamo-nos por aqui porque o espaço é limitado. Mas deixo o mote para a nossa próxima conversa: nas diferentes associações da sociedade civil angolana, qual é o seu grau de organização e qual é o conhecimento que elas têm dos problemas do sector que representam? Por exemplo: nas diferentes associações sindicais ou empresarias dos diversos ramos da actividade económica, numa ordem de engenheiros, ou de juristas, ou de médicos.
A resposta a estas questões elucida sobre a capacidade de sectores da sociedade civil ou do seu todo intervirem na vida nacional. Dessa capacidade de intervenção dependem as transformações sociais e políticas necessárias à implementação do desenvolvimento sustentado (que a todos contemple) e ao usufruto de uma vida plenamente democrática por todos os cidadãos.