Cronistas

Sociedade Civil, portanto!

Na crónica anterior referi que a capacidade de intervenção na vida do País pelas várias associações e grupos que compõem a sociedade civil depende do seu grau de organização e do conhecimento que têm do sector que representam.

De facto, para um sector da população defender os seus interesses de modo eficaz, tem de conhecer os problemas, saber conceber estratégias para as soluções e para a defesa dos seus interesses e ser capaz de mobilizar vontades para obter os resultados almejados. Isto tudo compaginado com o interesse nacional.

Suponhamos uma associação empresarial (de qualquer ramo de produção), ou uma associação profissional (de qualquer ramo de actividade), ou uma associação sindical (sindicato de determinado ramo ou união de sindicatos), uma associação de estudantes, ou uma associação ambientalista ou associação de magistrados. Atrevo-me a sugerir um pequeno exercício de sua autoavaliação através dum questionário como este:

– quantas vezes por ano se reúne a direção da vossa organização?

– como têm contacto com os  membros da organização e como os auscultam?

– que levantamento fizeram dos problemas do sector que representam?

– que estratégias para a defesa dos interesses do sector discutiram?

– como analisaram o contexto interno e externo em que actua o vosso sector?

– quais os sectores da sociedade civil que estão mais próximos de vocês?

– que relações têm com organizações similares ou de características opostas?

– como avaliam a importância do vosso sector no todo nacional?

– como concebem o vosso papel interventivo na vida nacional?

– qual é o vosso grau de autonomia ou de dependência do poder político?

– como entendem que deva ser o papel do poder político em relação aos organismos

   representando a sociedade civil?

– quais são para vocês as  prioridades nacionais em todos os campos?

Esta perguntas apenas servem para nos levar a reflectir sobre alguns dos nossos problemas e de modo algum põem em causa o saber de muitos dos nossos cidadãos. Sei muito bem que há numerosos dirigentes angolanos de organismos da sociedade civil com enorme competência e empenho. Contudo, parece-me haver um problema: a dificuldade em trabalhar em conjunto, em equipa Isso faz perder eficácia aos órgãos directivos e sobrecarrega o esforço de alguns, tornando solitária e pouca eficaz a sua acção. Mas, apara lá deste aspecto, o essencial, na minha opinião, é que muitos representantes de sectores da sociedade civil ainda não se habituaram a procurar maior liberdade de acção e menor dependência do poder político.

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