Cronistas

Sociedade civil: Precisa de ser forte

Esta é a terceira crónica dedicada à sociedade civil. Como vimos anteriormente, ela é composta de inúmeras associações e grupos com interesses contraditórios. Por outro lado, a capacidade de intervenção das diversas forças da sociedade civil é tanto maior quanto melhor estão organizados os organismos representantes dos diferentes interesses, quanto melhor os seus responsáveis conhecem os problemas dos sectores que representam e têm adequadas estratégias para a realização dos seus objectivos.

Na multiplicidade de interesse individuais ou de grupos há naturalmente divergências, conflitualidade e convergências conforme as suas posições na sociedade e, também, conforme os momentos políticos. Contudo, o limite para a conflitualidade tem de ser a Nação, este espaço geográfico, cultura,l económico, social e político que a todos abarca.

Na realidade, um sector da população ou um grupo ou uma associação fazem parte de um todo que é o País. Portanto os seus interesses de grupo têm de se compaginar com um interesse mais geral e comum a todos: o interesse nacional.

Também o pensamento e acção dos organismos representantes de cada sector da sociedade precisam de ter em conta o momento histórico. É minha opinião que, agora, Angola tem de enveredar decididamente pela construção duma economia sustentável e pelo funcionamento dum estado de direito moderno que assegure ampla justiça social, garantia dos direitos dos cidadãos e sua plena participação na vida económica, social, cultural e política. E isso não se faz se não houver grandes mudanças nas concepções e posturas vigentes em significativa parte da elite dirigente e mudanças no modo de a sociedade civil se afirmar na vida nacional.

É crucial que se elaborem adequadas estratégias nacionais de ordem política, económica, social, cultural para se realizar os objectivos acima enunciados. Para conceber e adoptar essas estratégias é preciso uma sociedade civil bem organizada e interventiva que possa influenciar a política do Estado e ser seu complemento na mobilização de vontades e na realização das políticas de interesse nacional. Só assim é que, no terreno político, se consegue a transparência da acção governamental, a real fiscalização dos actos do executivo, o bom funcionamento da Administração Pública, uma ampla participação e partilha dos cidadãos no desenvolvimento económico, uma coerente resposta do Estado às necessidades sociais, a efectiva participação de todos os cidadãos em todos os aspectos da vida nacional.

Em suma, uma sociedade civil forte faz ouvir os cidadãos, ajuda a conceber e implantar estratégias de interesse nacional, modera a acção estatal e governativa, modela o relacionamento entre o estado e o cidadão, é alavanca do progresso dum país e do bem-estar dos seus cidadãos.

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