
O novo presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins “Pai Querido” e os administradores recém-empossados, receberam na manhã desta terça-feira, 14 de Maio, os seus homólogos da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG).
O encontro que durou cerca de duas horas serviu para “dissipar qualquer dificuldade que pudesse existir entre as duas entidades estatais, estreitar laços e fortificar a relação”, diz a nota informativa da Sonangol.
A nota destaca a “harmonia e a boa relação entre os dois conselhos de administração” e fala ainda de “uma atmosfera de cordialidade e descontracção” entre Sebastião Gaspar Martins e Paulino Jerónimo, bem como as suas respectivas equipas.
“Uma atmosfera de cordialidade e descontracção corroborou em tudo com a afirmação do PCA [Sebastião Gaspar Martins], afinal estavam na sala, mais do que gestores, colegas de longas jornadas que circunstancialmente defendem a mesma causa em equipas diferentes”, reforça a nota informativa da Sonangol.
Destaque para a assinatura de dois contratos: um de suporte à transição da função concessionária e outro de agenciamento de petróleo bruto.
Estiveram presentes pela Sonangol o PCA, Gaspar Sebastião Martins, os administradores-executivos Baltazar Miguel, Joaquim Fernandes, Luís Maria e Osvaldo Macaia. E a representar a ANPG o PCA, Paulino Jerónimo, e os administradores-executivos Natacha Massano, Gerson dos Santos e César Paxi.
Carlos Saturnino: vítima da sua “ingenuidade”, de incompetência na comunicação e diálogo, ou de uma cabala?
Além da “ingenuidade” que assumiu em declarações ao Expresso, a Vivências Press News sabe que Carlos Saturnino enfrentava há algum tempo certas “forças de bloqueio”, e tinha constantes “desinteligências” com a dupla Diamantino de Azevedo, ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, e Paulino Jerónimo, presidente do conselho de administração da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), situação que terá influenciado na sua demissão.
“Aquela situação dos combustíveis foi uma verdadeira encenação. Carlos Saturnino há muito que andava em choques com Paulino Jerónimo e a ANPG. Eles [ANPG] queriam asfixiar a Sonangol, pois, além das concessões petrolíferas que agora controlam, também queriam retirar da Sonangol outros activos e concessões que estão com a Pesquisa e Produção. Esta é uma situação que poderia trazer problemas operacionais para a Sonangol no curto prazo, pois a empresa iria ter dificuldades para cobrir as suas despesas com pouca receita gerada. Carlos Saturnino não aceitou tais interferências e imposições defendendo a sua posição. Perdeu a guerra e pagou caro”, disse uma fonte do ministério dos Recursos Minerais e Petróleos.
O encontro desta terça-feira, 14 de Maio, entre os conselhos de administração da Sonangol e da ANPG mais do que o “estreitar de laços e reforço das relações”, foi a comemoração de uma estratégia que vingou e que culminou no afastamento de Carlos Saturnino.
“O novo PCA da Sonangol [Sebastião Gaspar Martins] é precisamente, quem na administração de Carlos Saturnino tinha sob sua tutela as duas empresas responsáveis pela aquisição e distribuição dos combustíveis [Sonangol Logística e Sonangol Distribuidora], portanto, se há pessoa que deveria ser também responsabilizada era Sebastião Gaspar Martins, que sabe-se porque obra e graça acabou promovido. Certamente as relações familiares que tem com o ministro Diamantino de Azevedo também influenciaram na sua nomeação como novo PCA da Sonangol”, reforça a fonte.
O braço-de-ferro pelo controlo e pela gestão dos “bons activos” da Sonangol, também terá sido uma das grandes razões da guerra declarada contra a administração de Carlos Saturnino diz a mesma fonte.
“A ANPG quer ficar apenas com os chamados ‘bons activos’ da Sonangol, não querem receber outros activos que não estão ligados ao Oil & Gas. Durante anos e por orientação do Estado, a Sonangol criou uma série de empresas que agora com o novo modelo não tem como fazer a sua gestão ou ficar com elas. Eles [ANPG] também não querem assumir esses activos, pois estão cientes que a percentagem que lhes é atribuída por via das receitas petrolíferas para o seu funcionamento, não vir a ser suficiente caso assumam estes ‘activos maus’ que a Sonangol ainda suporta até hoje. A guerra ou crise dos combustíveis também passa ou passou por aí”, concluiu a fonte.
Angola vai realizar de 4 a 6 de Junho, a Conferência Internacional “Angola Oil and Gas 2019”, que contará com a presença do Presidente da República, João Lourenço, que também já anunciou o evento num vídeo divulgado recentemente.
Com Carlos Saturnino “fora da jogada”, Diamantino de Azevedo, Paulino Jerónimo e Sebastião Gaspar Martins serão certamente as grandes estrelas do evento. Enterrado que está o “machado da guerra “, fuma-se agora o “cachimbo da paz” no sector petrolífero nacional.
A subida do preço dos combustíveis será o próximo episódio de uma novela com vários capítulos. Os novos actores e o enredo já são conhecidos do público.