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Subida da dívida pública é o desequilíbrio mais preocupante em África

O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI), Abebe Aemro Selassie, considerou que a subida da dívida pública para mais de 50% do PIB na África subsaariana é o mais preocupante desequilíbrio macroeconómico da região.

“Talvez a mais preocupante manifestação dos desequilíbrios económicos que surgiram em muitos países na África subsaariana é o aumento da dívida pública, que está agora em mais de 50% do PIB em metade das economias da região”, disse Selassie, num discurso na London School of Economics.

Lembrando que o abrandamento na região acontece num contexto de rápida expansão da generalidade das economias nos últimos anos, com taxas de crescimento de dois dígitos em muitos casos, o diretor do departamento africano do FMI salientou que “a média da dívida do setor público nesta região subiu de 34% do PIB em 2013 para 48% em 2016”.

Nos países exportadores de petróleo, como é o caso de Angola e da Guiné Equatorial, “a acumulação de dívida foi particularmente elevada”, disse o responsável, mostrando-se especialmente preocupado pelo ritmo do crescimento.

No último relatório do FMI sobre a região, publicado em outubro, lê-se que Angola terá este ano uma dívida pública de 65,1% do PIB, enquanto na Guiné Equatorial o valor é de 53,8% do PIB, ainda assim abaixo dos 88,2% do PIB em Moçambique e dos 128,8% em Cabo Verde.

Reconhecendo que os défices de infraestruturas propiciam o investimento público com recurso a financiamento com taxas de juro historicamente baixas a nível mundial, mas a tocar os dois dígitos para os países subsaarianos, Selassie defendeu que “é preciso um equilíbrio maior entre o necessário investimento e a sustentabilidade da dívida”.

Um exemplo é o fim dos subsídios aos combustíveis, que Angola, por exemplo, já implementou, e outro é o alargamento da base tributária para permitir que as receitas internas aumentem e assim diminuam a necessidade de financiamento externo.

“Muito do fôlego de crescimento nas últimas décadas veio de reformas que aliviaram os constrangimentos ao crescimento; instituições fracas, governação problemática, incerteza política e desequilíbrios macroeconómicos elevados”, disse Selassie.

Na conclusão, o diretor do departamento africano do FMI reconheceu que “as reformas requeridas são bastante complicadas e nem sempre populares”, mas terminou com uma nota de otimismo, lembrando que “a África subsaariana já superou desafios muito maiores no passado vinda de uma posição de partida mais fraca”.

Fonte: Lusa

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