
Angola, um país específico no continente africano, com uma elite urbana antiga e culta, precisa de reflexão e da coragem das suas elites em assumir a idiossincrasia do país, para, sem complexos, traçar os caminhos certos para o aproveitamento das potencialidades de Angola de modo a que a riqueza criada sirva para o bem-estar de toda a população.
Neste momento, há tarefas imensas pela frente: vencer a crise económica, eliminar deficiências estruturais, recuperar atrasos, eliminar as enormes desigualdades sociais, conseguir o integral respeito dos direitos e liberdades do cidadão.
Para superar os problemas actuais, nossas carências e fragilidades
– é preciso definir bem os objectivos a alcançar
– é necessário bem escolher os meios necessários para a realização dos objectivos
– é premente elevar a capacidade de desempenho das nossas gentes e mobilizá-las
Elevar a capacidade de desempenho implica o desenvolvimento de competências, as mais variadas. Sou de opinião que, a par das competências profissionais, deve haver obrigatoriamente as competências cívicas, ligadas a uma ética de convivência, colaboração e partilha. Por exemplo, são competências dum cidadão:
- ter conhecimentos adequados à profissão, bom desempenho profissional,
- zelo na manutenção e conservação dos instrumentos de trabalho
- noção do bem colectivo que a todos deve servir e por ninguém deve ser apropriado
- respeito pelo trabalho dos colegas
- na vida quotidiana ter uma postura ética
- na profissão e no relacionamento com os colegas
- no relacionamento com o colectivo em que está inserido
- em relação ao País e aos outros compatriotas
- em relação ao mundo e aos outros seres humanos
Para realizar este desiderato é necessário que as elites dirigentes do país adoptem comportamentos e atitudes que encorajem os cidadãos às posturas e actos que resultem em benefício de toda a comunidade nacional. Mas o salto em frente só se consegue com a vasta participação dos cidadãos, estimulados a realizarem a sua transformação individual e a do colectivo nacional.
Por isso, eu diria que este também é um momento de se recorrer à Nação, ou seja aos cidadãos e suas organizações dos mais diferentes campos: económico, social, político, religioso, cultural, em todo o espaço nacional.
Há que saber auscultar os cidadãos na sua diversidade, os seus interesses de grupo, os mais variados, dialogar com a sociedade civil sobre os objectivos nacionais adequados a esta etapa da vida de Angola e como os realizar, com vistas a um futuro de progresso económico, justiça social e pleno usufruto dos direitos e deveres num estado de direito democrático.