“Temos algumas embaixadas cuja a gestão não nos dá nenhum motivo de orgulho”, afirma Manuel Augusto
Manuel Augusto falava durante à apresentação dos cumprimentos de fim de ano ao funcionários do Ministério das Relações Exteriores. Num discurso franco, aberto e até mesmo com alguma frontalidade, em pouco mais de 30 minutos , o ministro das Relações Exteriores falou dos grandes desafios internos e externos da instituição, bem como medidas que serão aplicadas nos próximos tempos.
[videopress viJGx2zR]Apelou para a mudança de comportamentos e atitudes, falando também da noção da importância ou dimensão do trabalho diplomático por parte de muitos funcionários do Ministério das Relações Exteriores (MIREX) e do caractér transversal da actividade diplomática.
“Somos o reflexo da evolução do nosso Estado e da execução dos programas do Governo. Precisamos de melhorar o nosso comportamento, a nossa postura, para que possamos ser de facto, o espelho e a porta de entrada do nosso país (…) infelizmente, tenho de concluir que por várias razões, estamos longe de transmitir essa imagem”, afirmou o ministro das Relações Exteriores de Angola .
Manuel Augusto anunciou algumas reformas internas e externas, bem como uma aposta numa diplomacia ao serviço da economia.
“Procederemos uma reforma aos órgãos internos e externos do Ministério das Relações Exteriores, com a adequação humana e estrutural ao essencial, para o cumprimento das tarefas atribuídas a este departamento ministerial”. E aposta numa diplomacia ao serviço da economia onde ” estaremos empenhados em atrair o investimento privado estrangeiro, contribuir para o desenvolvimento do turismo, explorar mercados para a exportação dos nossos produtos, bem como gerir a exploração da imagem de Angola no exterior e dar maior apoio aos angolanos que vivem na diáspora”, afirmou o ministro.
Manuel Augusto criticou também a postura e actividades de alguns embaixadores no exercício de missões diplomáticas, tendo afirmado que :
“Nós temos algumas embaixadas cuja a gestão não nos dá nenhum motivo de orgulho. Colegas nossos embaixadores entendem o seu papel de gestores de missões diplomáticas, como se fossem suas coutadas. Se fizessem bem as coisas? Menos mal. Mas nós temos situações vergonhosas e outras até dramáticas”.
Quanto as questões relacionadas com atrasos nos pagamentos de salários junto das missões diplomáticas, o ministro dar Relações Exteriores foi peremptório ao afirmar
” O ministério das Finanças nunca atrasou os salários das embaixadas. O ministério das Finanças reduziu os duodécimos, mas se existe uma coisa que nunca tocou foram os salários. Então como é que há funcionários de uma embaixada ou mesmo uma embaixada inteira com 8 ou 10 meses de salários em atraso?”
Durante o discurso foi anunciado para o próximo dia 2 de janeiro, a entrada em funcionamento do sistema biométrico de controlo da assiduidade e pontualidade dos funcionários do MIREX. Para breve está a instalação do Cacifo Diplomático, que segundo o ministro permitirá que ” cada Embaixada ou Consulado acreditado no nosso país tenha um lugar para deixar e levantar as suas correspondências “. Foi também anunciada a construção de um novo edifício sede do MIREX, e que segundo Manuel Augusto, ” lançamento da primeira pedra será feito muito brevemente “.
O ministro das Relações Exteriores pediu aos seus colegas, funcionários e colaboradores mais diálogo, camaradagem e frontalidade. Banir a cultura dos ” grupinhos ” no seio do MIREX foi também outra das recomendações do ministro. Tendo lançado críticas a comportamentos nocivos como a do chamado ” casaco na cadeira” , um prática antiga e reiterada no MIREX.
” Temos de ser um sector que se orgulhe em ser depositário dos segredos do Estado. Somos um Ministério das Relações Exteriores (…) . Nós estamos a dizer que as pessoas têm de mudar de hábitos. Quem não mudar de hábitos, vai mudar de ares”, alertou Manuel Augusto.