
A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) considera que os países africanos podem perder até 30% da sua receita fiscal devido à pandemia da covid-19, que deverá atirar o continente para recessão.
“O impacto geral da pandemia da COVID-19 na economia africana pode levar a uma perda de 20 a 305 da receita fiscal, estimada em 500 mil milhões de dólares em 2019″, lê-se no relatório da UNECA sobre o impacto da pandemia em África. “Os governos não vão ter outra opção que não seja depender dos mercados internacionais, o que pode aumentar o nível de dívida dos países, que deve ser usada para investimentos produtivos ou investimentos que aumentem o conhecimento, e não manterem os seus planos de despesa”, acrescentam os economistas.
“Existe uma alta probabilidade de muitos países enfrentarem uma implosão no volume de dívida externa e nos custos de servir a dívida devido à subida dos défices orçamentais, já que vão precisar de colocar mais ênfase nas despesas sociais, incluindo os sistemas de saúde, estímulos económicos aos agregados familiares e às pequenas e médias empresas”, apontam ainda.
No relatório, cheio de previsões sobre o impacto da pandemia em África, a UNECA estima que o PIB africano possa cair entre 0,8% e 1,1% e que a propagação da doença faça desaparecer 20 milhões de empregos na economia formal e na informal, ao mesmo tempo que já contribui para fazer o preço do barril de petróleo descer abaixo dos 30 dólares.
“Devido à queda do preço, o maior golpe ao comércio será para as economias dependentes desta matéria-prima. Argélia, Angola, Camarões, Chade, Guiné Equatorial, Gabão, Gana, Nigéria e a República do Congo serão as mais afectadas”, diz o documento, que nota que no caso da Guiné Equatorial as exportações de petróleo valem 40% do PIB, enquanto em Angola e Nigéria representam mais de 95% das exportações e mais de 70% do orçamento.
As perdas ligadas ao “colapso dos preços do petróleo valem 65 mil milhões de dólares para Angola e Nigéria, o que resulta numa redução das reservas em moeda externa e na capacidade de implementar os seus programas de desenvolvimento”, segundo a UNECA.
O relatório explica ainda que não são apenas os exportadores de matérias-primas africanas a sofrer perdas, pois os importadores também vão ser afectados.
Muitos pequenos e pobres importadores, comerciantes e consumidores na Nigéria, Uganda, Moçambique e Níger são seriamente afectados pela crise, já que ganham a vida a vender produtos chineses, como têxteis, material electrónico e bens de consumo
Fonte: Jornal de Angola