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Universidade da Madeira recebe proposta de criação da sala de literatura africana “Octaviano Correia”

A entrega formal da proposta foi feita nesta segunda-feira, 24 de Junho, ao reitor da Universidade da Madeira, José Carmo, pelo vice-cônsul para as Comunidades, Mário Silva, em representação do Adido Cultural da Embaixada de Angola em Portugal, Luandino Luís Alves de Carvalho.

A cerimónia teve lugar nas instalações da Universidade da Madeira, onde além de José Carmo, esteve presente, João Prudente, Pró-Reitor da instituição. Mário Silva fez a entrega dos primeiros exemplares para futura sala de literatura africana “Octaviano Correia”.

“Incumbiu-me o adido cultural da Embaixada de Angola, Dr. Luandino de Carvalho, de fazer a entrega do primeiro lote de mais de 50 títulos de autores angolanos para o projecto que hoje tem o seu arranque formal. É também uma forma de promoção e divulgação da nossa literatura e de homenagear uma figura ilustre de Angola e também da Madeira, o Octaviano Correia”, disse Mário Silva.

Natacha e Pedro Correia, filhos de Octaviano Correia, que residem no Funchal (Madeira), também acompanharam o evento e destacaram a “nobreza da iniciativa”, a sua importância para a divulgação da literatura angolana e reforço da cooperação cultural e académica.

“Achei excelente a iniciativa. O meu pai é um filho da terra [Angola] e também filho desta terra [Madeira], realmente ele merece porque deu tudo o que tinha e o que não tinha, e continua a dar apesar de estar longe. Ele continua a escrever regularmente, continua continua a mandar coisas para aqui, portanto, ele continua a ser um filho da Madeira e há de ser sempre.”, frisou Natacha Correia.

Já Pedro Correia, visivelmente emocionado, falou da necessidade de “projecção da literatura africana” na Ilha da Madeira.

“É o trazer da literatura africana a Ilha da Madeira. Apesar de haver uma significativa comunidade africana na região, não há alternativas para lermos o que vem de África. (…) Primeiro vem da importância e projecção da literatura africana aqui na Madeira, depois, é uma justa homenagem a uma pessoa que tem certa importância e projecção ao nível da literatura angolana e, de alguma maneira também na literatura africana. É portanto, um passo importante que creio que vai ser consolidado nos próximos tempos, com a chegada de mais literatura e a montagem deste espaço, que espero que seja de grande importância para a investigação da literatura africana aqui na Madeira”, reforçou Pedro Correia.

Octaviano Correia nasceu na cidade do Lubango, província da Huíla, em 1940. De 1988 a 2016, fixou residência na Ilha da Madeira onde desenvolveu intensa actividade cultural e literária.

É membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborou na rádio, televisão, em jornais e revistas angolanas . Publicou vários livros, na sua maioria de literatura infanto-juvenil. Em 1981, recebeu o Prémio Especial da UNESCO, na exposição “Os Mais Belos Livros do Mundo”, pela sua obra O País das Mil Cores.

Projectos de divulgação e promoção da literatura angolana nos Açores e na Madeira

O jornalista e escritor angolano residente em Portugal, Armindo Laureano, tem sido o promotor de iniciativas com o objectivo de divulgar e promover a literatura angolana nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Em 2018, em parceria com o Colégio do Castanheiro em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel (Açores), começou o projecto Leituras à Sombra do Castanheiro, onde perto de duas centenas de títulos de autores angolanos fazem parte da biblioteca da referida instituição de ensino.

Além da Embaixada de Angola e do Consulado em Lisboa, o projecto conta com o apoio de algumas editoras em Portugal.

“Temos tido o apoio institucional da Embaixada de Angola e da Missão Consular de Angola em Lisboa. Contamos também com a colaboração das editoras Perfil Criativo, Guerra & Paz, Mercado de Letras, Colibri e também a minha própria editora, a Vivências Editores. É bom, interessante e importante quando as pessoas e as instituições se unem em torno da valorização, promoção e divulgação da literatura angolana”, disse Armindo Laureano.

Em Fevereiro do corrente ano, Armindo Laureano estabeleceu os primeiros contactos com a Universidade da Madeira apresentado a proposta de criação de uma sala de literatura africana.

“Temos um compromisso com a promoção e divulgação da nossa literatura pelo mundo. Eu sou um defensor da livre circulação de livros e autores angolanos pelo mundo . Nos últimos dois anos tenho visitado regularmente as ilhas da Madeira e dos Açores, quer em trabalho jornalístico, quer seja em investigação literária, e tenho constatado que existe uma escassez de títulos de autores angolanos e, por outro lado, uma enorme vontade das nossas comunidades nestas regiões autónomas em conhecer mais sobre a nossa literatura e os autores. Hoje aqui na Madeira cumprimos mais uma etapa deste longo mas prazeroso percurso em nome da nossa cultura”, reforçou o jornalista e autor angolano.

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