CronistasMárcio Roberto

Xi Jinping – o novo Imperador chinês

Após uma paragem rápida, involuntária, porém, necessária, retomamos aqui o nosso espaço de interação que, apesar do tempo de vida que ostenta, continua incipiente. Por outro lado – se não do mesmo – estas paragens, ainda que não muito esticadas, obrigam-nos a deixar para atrás temas e assuntos, sobre os quais podíamos sempre expressar nossos sentimentos e/ou pensamentos. É o caso da cimeira extraordinária da União Africana, realizada a 21 de Março, em Kigali-Ruanda, e que teve como ponto mais alto, o acto de assinatura do acordo para criação da Zona de Livre Comércio Continental, este que foi um passo gigante para à concretização de um projeto ambicioso que, caso venha a materializar-se, e queremos acreditar que virá, ajudará – devido a dimensão do mercado e fluxo livre de bens e serviços – a manter o crescimento econômico continental na media de 6% a 7% ao ano. Nesse ritmo, prevê-se que o PIB combinado da África atinja os $30 triliões até 2050, o que seria superior ao atual PIB da União Europeia e dos Estados Unidos da América combinados.

À vista disso, e com políticas adicionais, esse crescimento contribuirá significativamente para a disseminação da prosperidade e redução da pobreza, uma vez que, com a criação da Zona de Livre Comércio, terão de ser criadas infraestruturas de apoio, e estas estimularão o desenvolvimento industrial que, por sua vez, criará, não apenas, mais postos de trabalho, mas também tra e terá a vantagem adicional de diversificar as economias africanas, que ainda hoje são largamente dependentes das matérias-primas. Evidentemente, existem os “contras”, estes que são, geralmente, mais propalados que os “pros”, e por isso mesmo, não discorremos sobre eles. Neste caso em particular, os contras jamais superarão os pros. A África de hoje exige mudanças profundas e acentuadas, e estas mudanças apenas se materializarão com a incorporação do imprescindível espirito de bravura e alguma ousadia.

Conquanto, é sobre Xi Jinping, o Presidente da República Popular da China desde Março de 2013, que nos propusemos falar nesta crónica. Em 2015, através de um amigo, sino-britânico, com o qual tenho o hábito de debater assuntos, tanto africanos, quanto asiáticos, tive a oportunidade de ler um dos livros do Presidente chinês, Xi Jinping: The Governance of China, Volume 1 – Xi Jinping: A Governação da China (tradução livre). Um livro que, apesar de explicar como a China alcançou suas mudanças econômicas e sociais de forma eficiente e numa escala erguida (através dos olhos da mais ambiciosa liderança chinesa), sem deixar de narra os importantes eventos globais e desafios domésticos do país, peca devido a ausência de uma análise informativa da abordagem de Xi Jinping à governação, às conquistas, e os desafios enfrentados pela China no século XXI.

Na verdade, o livro pode facilmente ser definido como uma coleção de discursos e fotografias que estabelecem os ideais e, poder-se-ia adicionar, as intenções do governo chinês e do seu presidente, de manipular às vontades dos cidadãos, impondo-os o plano e a estratégia para a execução da sua agenda para a liderança global. Portanto, por um lado, temos um livro de discussão: com os principais pensamentos e objetivos nos quais a China acredita. Um belo material propaganda”. Por outro lado, o livro não deixa de ser um material importante para uma melhor compreensão do plano de domínio global pretendido pelo gigante asiático.

Deve haver uma palavra em Mandarim para “socialismo com características chinesas”, pois essa frase é repetida em todo o livro.

Este livro, de alguma forma, ajudou-me a perceber a personalidade, o pensamento e a capacidade de liderança do Presidente Xi, este que, com o suporte do seu partido, o Partido Comunista Chinês, acaba de livrar-se do limite de dois mandatos que se lhe impunha, desta forma, tem a porta aberta para governar o país até quando desconseguir.

A abolição do limite de dois mandatos presidenciais, foi formalmente aprovada no Congresso Nacional do Povo, realizado a 11 Março, em Pequim. Este acto, representa o maior acúmulo de poder pessoal por um líder chinês desde Mao Zedong. Este que foi o arquiteto e fundador da República Popular da China, governou o país desde a sua criação em 1949 até 1976, ano em que faleceu.

Mas o que faz de Xi Jinping um líder diferente dos seus contemporâneos? 

As mudanças constitucionais, como a ausência de limites de mandatos para o Presidente da República e a concentração de poderes numa só pessoa, revertem uma tendência iniciada há 40 anos por Deng Xiaoping, que visava impedir o reaparecimento do culto à personalidade, como na era Mao Zedong, e garantir transições de poder pacíficas. No entanto, estas mudanças foram justificadas pela necessidade de manter a “trindade” dos papéis de líder do partido, líder militar, e presidente juntos, e desta modo, permitir que a China avance, especialmente, no período de 2020 a 2035, que é o período crucial e programado para a China realizar a modernização socialista que há muito busca, portanto, a China precisa de uma liderança estável, forte e consistente.

Sobre um ponto de vista muito pessoal, afirmaria que, o que faz de Xi Jinping um grande líder é a sua capacidade e talvez, vocação natural de ler e encontrar soluções para os problemas sociais e sobre tudo, económicos da China. No mainstream do Mundo Ocidental, a China era considerada um colapso económico”, e os problemas enfrentados neste campo, fizeram com que o Partido Comunista Chinês, começasse a perder o controlo do país. Eis que, para mudar o estado e rumo das coisas, surge Xi, o homem que dedicaria os primeiros anos da sua presidência ao combate, inflexível, à corrupção, e ao crescimento, e consequente desenvolvimento do sector económico do país. Através do seu plano estratégico de dinamização económica a todos os níveis, que tem ajustado e melhorado de forma saudável e estável as condições de vida das populações, Jinping ajudou a China a encontrar o seu próprio caminho para resolveu o problema do abrandamento económico, e voltar a crescer. A verdade é que, tudo parece estar ajustado de uma forma normal e natural na China de Xi Jinping, os índices de pobreza são reduzidos, em percentagem que rondam os dois dígitos, quase que diariamente, como resultado do crescimento económico que o país experimenta. Consequentemente, com o sucesso das suas políticas, o presidente tem vindo a conquistar o coração dos chineses.

Para concluir, só poso mesmo acrescentar que; se o Presidente Mao Zedong construiu a nova República Popular da China, e o Presidente Deng Xiaoping iniciou o processo de reforma e abertura política, Xi Jinping definitivamente será lembrado como o líder da reforma e da reestruturação económica que transformará a China na maior economia do mundo e numa verdadeira superpotência.

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