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Estudantes universitários em Luanda queixam-se das propinas no arranque das aulas

Os estudantes universitários em Luanda queixam-se do avultado valor das propinas e emolumentos, sobretudo em instituições privadas, e já preveem dificuldades no regular pagamento ao longo do ano académico cujas aulas arrancam segunda-feira, em todo o país.

Ouvidos pela agência Lusa numa ronda em algumas instituições públicas e privadas do ensino superior de Luanda, os estudantes apontaram também a “fraca qualidade de alguns docentes” como outro dos problemas que persistem no ensino universitário angolano.

Helder Tomás Capemba, que a partir de segunda-feira vai frequentar o 1.º ano do curso de Engenharia e Petróleos na Universidade Católica de Angola, admitiu que o ensino universitário em Angola ainda “carece de muitas melhorias”.

“Antevejo muitos desafios, sobretudo devido à componente técnica que este curso exige e vai ser uma nova jornada para mim. Estou é preocupado com a qualidade de ensino, porque entendo que tem que ser bom, sem dificuldades e com ajuda dos professores”, afirmou.

O estudante de 18 anos explica que vai pagar mensalmente 37.000 kwanzas (140 euros) de propina, valor que considera “muito alto” e que “vai pesar muito” no bolso dos pais.

“Estou preparado para o pagamento regular das propinas com ajuda dos meus pais, mas vou batalhar para valorizar esses gastos”, garantiu.

Por sua vez, Norberto Garcia, que vai frequentar o 3.º ano do curso de Relações Internacionais na Universidade Lusíada de Angola, disse à Lusa estar apto para ultrapassar os obstáculos neste ano, mas desde já lamentando os elevados valores dos emolumentos e taxas cobradas ainda antes de começarem as aulas.

“A minha primeira preocupação são os custos das propinas, as multas, inscrições, matrículas e outros emolumentos. Os valores são muito altos e receio que muita gente desista por causa desses valores”, explicou.

Acrescenta que vai pagar de propina mensal 39.000 kwanzas (150 euros).

“O que não é barato”, desabafa, enquanto faz contas à despesa dos pais.

Questionado sobre a qualidade de ensino nas instituições públicas e privadas, Norberto Garcia aponta dedo ao corpo docente.

“Depende das instituições, porque há algumas com professores que deixam muito a desejar, sobretudo na transmissão do conhecimento para os estudantes (?) precisamos melhorar e apostar mais nos jovens”, acrescentou.

Já a estudante Calenda Salunga, da faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, maior instituição pública do país, defende uma aposta forte aos recursos humanos para transpor a crise que vive o país, justificando desta forma o ingresso no ensino superior.

“Para podermos sair da crise é necessário investir no capital humano e é preciso capacitarmo-nos para transpor as dificuldades que o país vive”, disse a estudante, de 18 anos, que se estreia segunda-feira na universidade.

Para Calenda Salunga, Angola cresceu apenas em infraestruturas de ensino, carecendo ainda de professores com mais qualidade.

“Acho que não há muita qualidade. Apesar de se dizer que houve crescimento de algumas infraestruturas ainda temos muitos professores com fraca habilidade para transmitir o conhecimento e aí onde precisamos melhorar para transformação do nosso país”, apontou.

As universidades angolanas vão disponibilizar este ano um total de 134.418 vagas, entre instituições públicas e privadas.

O ano académico de 2018 foi aberto oficialmente segunda-feira, na província da Lunda Sul, pelo Presidente angolano, João Lourenço, que anunciou um crescimento superior a 20.000 vagas, em comparação com ano anterior.

Segundo João Lourenço, apesar do crescimento do número de estudantes universitários no país ser já bastante significativo, Angola ainda está “aquém” dos valores recomendados pela União Africana, que pretende que os países africanos atinjam 50%, em 2063.

“Ainda temos pela frente um grande desafio, porque a taxa de jovens com idade para frequentar o ensino superior continua muito aquém dos valores recomendados pela União Africana”, realçou na ocasião.

Em 2017, Angola contou com 24 universidades públicas e 41 instituições privadas, que disponibilizaram 111.086 vagas para o ensino superior.

Fonte Lusa

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