Notícias

Angola autoriza saída da Odebrecht da quarta maior mina de diamantes do mundo

O presidente angolano autorizou a venda da participação da Odebrecht na Sociedade Mineira de Catoca, que explora a quarta maior mina de diamantes do mundo. A empresa está envolvida no caso Lava Jato.

O Presidente angolano promulgou o negócio da venda da participação de 16,4% da Odebrecht, envolvida no escândalo de corrupção no Brasil, na Sociedade Mineira de Catoca, que explora a quarta maior mina de diamantes a céu aberto do mundo.

Em causa está um negócio acordado pelos sócios da mina, no leste de Angola, em agosto de 2017, antes ainda das eleições gerais angolanas, e que só foi promulgado, por decreto presidencial de 4 de janeiro, a que a Lusa teve esta quarta-feira acesso, pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.

A mina de Catoca está avaliada em mais de 1.800 milhões de dólares (1.500 milhões de euros), pelo que a quota da Odebrecht pode valer mais de 250 milhões de euros, valores que fonte da Empresa Nacional de Prospeção, Exploração, Lapidação e Comercialização de Diamantes de Angola (Endiama), contactada em agosto pela Lusa, não comentou.

A Endiama era então liderada por Carlos Sumbula, entretanto exonerado do cargo pelo novo Presidente angolano. O decreto assinado por João Lourenço também não aponta valores para este negócio, referindo apenas que a participação em causa do grupo brasileiro, através da sua sucursal na Alemanha, a Odebrecht Mining Services Investiments GmbH, é alienada a favor da empresa Wargan Holdings, que por sua vez é detida a 100% pelos russos da Alrosa PJSC, que operam a mina de Catoca.

Por sua vez, define ainda outro ponto do decreto, a Wargan Holdings aliena a mesma participação, de 16,4%, à Alrosa e à Endiama, “de acordo com os termos de compromisso específicos acordados para o efeito”, em partes iguais, de 8,2%. Com este negócio, a Sociedade Mineira de Catoca passa a contar com uma estrutura acionista liderada pela Alrosa e pela Endiama, ambas com uma participação de 41%, mantendo os chineses da LL International Holding BV (18%).

No decreto presidencial de 4 de janeiro é referido que a Odebrecht Angola “cumpriu integralmente o propósito definido de levar a Sociedade Mineira de Catoca, Limitada, em conjunto com a Endiama – EP e os demais acionistas, à maturidade operacional”, mas que “manifestou a intenção de alienar a sua quota” para “concentrar-se nos seus projetos de infraestruturas”.

Em operação desde 1997, a Sociedade Mineira de Catoca assegura a prospeção, extração e comercialização dos diamantes da mina com o mesmo nome, na província da Lunda Sul, no leste de Angola, responsável por 75% da produção diamantífera anual angolana.

Alguma imprensa brasileira reconheceu anteriormente a necessidade de a Odebrecht encaixar, com a venda de vários ativos em todo o mundo, cerca de 3,8 mil milhões de dólares (3.200 milhões de euros), para fazer face aos custos com o processo judicial “Lava Jato”.

Além do kimberlito de Catoca que explora na província angolana da Lunda Sul, aquela sociedade mineira tem uma participação maioritária noutras concessões diamantíferas em Angola, como a do Luemba, Gango, Quitúbia, Luangue, Vulege, Tcháfua e Luaxe. Esta última é considerada como o maior kimberlito do mundo e deverá iniciar a exploração em 2018.

Os diamantes renderam a Angola 1.082 milhões de dólares (910 milhões de euros) em 2016, uma redução de 100 milhões de dólares (85 milhões de euros) comparativamente a 2015, segundo dados do Ministério da Geologia e Minas de Angola. A produção total de diamantes atingiu os 8.934.000 quilates, correspondente a 99,21% da meta corrigida de 2016.

Fonte: Lusa

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading