CronistasLito Martin

Esta cidade em que vivi ….. 002

Esta cidade em que vivi e que na altura albergava  cerca de noventa mil pessoas de diversas etenias, todas integradas num mesmo ideal de progresso, empreendedorismo e comunitário, era uma terra de características próprias, tanto humanas como telúricas, com um ambiente social atraente e um clima planaltíco subtropical, excelente a fixação de gentes de todo o lado, europeia e africana, com condições para vir a tornar-se um dos grandes aglomerados urbanos do interior de Angola.

No tempo, sede de um distrito com 99 mil Kílometros quadrados – maior do que o território de Portugal, possuía o seu corpo administrativo desde 1870, depois Câmara Municipal com presidente efectivo. Malanje tinha todos os departamentos governamentais próprios que asseguravam uma administração eficiente, com a sua actividade econ´mica privada representada por uma associação comercial e industrial de classe e cuja fundação vinha de 1911.

Tinha um Liceu, Escola Industrial e Comercial, escolas Primárias, um Seminário, que preparava rapazes para a  vida religiosa e para a vida pública, dois Colégios de Madres, com internato e externato, onde centenas de raparigas, recebiam instrução e educação, um Colégio de Ensino primário particular, esta cidade tinha grandes aspirações no sector do ensino, encontrava-se na altura bem dotada e caminhando para um apoio a uma população em crescimento rápido, recebendo muitos elementos de fora, que por ali encontravam um ambiente próprio e um clima magnifico.

No sector desportivo, cultural e social, a cidade orgulhava-se de possuir várias agremiações desportivas, dois estádios, uma corporação de Bombeiros Voluntários, uma Cooperativa (Nosso Abrigo) de  construção urbana, um  Circulo Cultural e uma Obra Social, que dava apoio a numerosa população do bairro da Maxinde, e também uma delegação da Liga dos Amadores de Angola, com meia dúzia de postos em funcionamento.

A saúde e assistência estavam representadas por um Hospital Regional com maternidade e Dispensário, um albergue do I.A.S.A. e outro da P.S.P., postos de consulta que foncionava nos colégios das madres, embora não fosse a actividade mais bem dotada, estava em pleno desenvolvimento e crescimento, (o que não seria hoje?) contudo, dispunham de estruturas para levar a cabo a sua missão, refiro facto de não haver pobres nas ruas da cidade, para que se faça uma ideia., do muito que já se estava a fazer na área social.

Tinha-mos um  Bispado, criado em 1957, com o seu primeiro bispo D. Manuel Nunes Gabriel, que tomou posse em 27 de Novembro de 1958, seguiu-lhe D. Pompeu  de Sá Leão e Seabra, que faleceu em Malanje, em 1973. Substituído por D. André Muaca, com a acção dos bispos, o concelho que tinha apenas uma paróquia/missão, passou para três paróquias  e seis missões, além de vários centros de actividade missionária a funcionarem.

Lembro também, a Missão evangélica do Quessua, com uma acção bastante meritória, tanto no aspecto religioso, nas aldeias, como igualmente no ensino primário, ensino profissional para rapazes e raparigas. Com a sua bonita igreja, instalações diversas e campos agrícolas.

Como não referir a Casa do Gaiato, com o seu apoio na protecção, internamento de crianças desprotegidas e abandonadas, o nosso querido Padre Telmo, que à frente da Casa do Gaiato, com grandes  sacrifícios, desenvolvia e ainda desenvolve, uma accão deveras notável. Ali foi construída uma aldeia a semelhança da Casa do gaiato de Paços de Ferreira, em Penafiel.

E o Colégio  Veríssimo Sarmento, estabelecimento de ensino privado que grandes serviços prestou a cidade de Malanje e aos seus jovens, numa altura que nada havia, teve  o seu mérito e honras sejam prestadas ao digníssimo Dr. Terêncio da Silva. mais tarde transformado em magistério Primário, funcionando de desde 1969 a 1974, com o seu primeiro curso de finalistas em 1973, deixo também uma palavra de louvor a seu Director Dr. Couto.

Embora já focado por mim, não esqueço o Colégio  Nossa Senhora do Rosário, (bem o conhecia por dentro),  das irmãs S. José Cluny, só para raparigas, para além do ensino primário,  formava Monitores  escolares, que depois eram colocados nos diversos postos escolares e rurais.

Na área desportiva, cultural, malanje tinha vários clubes, que para além do desporto, na área do recreio, faziam-se belos bailes de carnaval e  passagem do ano. eram eles o Clube Atlético, Ferrovia  Futebol Clube, Futebol Clube da Maxinde, Sport Malanje e Benfica, Sporting Clube, Clube Cultural e Recreativo Afonso Cardona. Tinha também o Cine Malanje. o Turismo Cine-Teatro, o Cine Maxinde, O Leng Luka automóvel Clube, organizando o rali do BCA, corridas de automóveis em circuito fechado, rali do algodão e provas de motociclismo.

A cultura, também não ficava esquecida, com exposições de pintura, escultura e outras, no salão da associação Comercial e Industrial de Malanje.

Na altura, já com um bom estádio Municipal de Futebol, um Parque de Jogos, onde era possível praticar diversas modalidades e dois campos de ténis.

Como esquecer o carnaval de Malanje, verdadeiro carnaval do povo, que vinha a rua dançar e festejar, com alegria e boa disposição…. as guerras da fuba entre bairros !!

Na comunicação social, tinha-mos o Rádio Clube de  Malanje, ( um bravo ao seu grande impusionador, Joaquim Berenguel, pois a ele se deve o edifício que ainda hoje funciona a Rádio  Malanje) com sede própria, slão de festas e bailes, biblioteca, boa música durante todo o dia, acompanhando todas as manifestações e vida da cidade, com uma variedade de programas musícais, concursos e recreio.

O velhinho jornal do Domingos Montes – Angola Norte – era publicado a mais de 25 anos, defendendo os interesses locais, com força e intensidade, sendo a única voz escrita de Malanje com publicação regular. mais tarde o ” Ecos do Norte ” do Joaquim Miranda, publicava-se no Uige, transferido para Malanje, passou a ser o segundo jornal do distrito.

E quem se lembra do ” Correio dos Regedores ” boletim mensal publicado pela administração do concelho de Malanje, era um boletim informativo virado para as populações a quem era gratuitamente distribuindo, teve vida até 1975.

No turismo a região de Malanje,  em Angola era uma das que mais interesses tinham no aspecto turistico, muito tinha-mos para visitar no distrito de Malanje, menciomo uns quantos: – Mirante matar Ia-Jinga, Rápidos do Porto condo, mais conhecidos por Rápidos do Kuanza, Salto do cabalo, Pedras negras, Pedras Jingas, Grutas de cacolo, Quedas Mussulege, Quedas bem casados, Mesa da rainha Jinga, Quedas do Luando, . Quedas de S. Francisco, Rápidos e Quedas Guilherme, Varanda de Pilatos, Miradouro de Cabatuquila, campa José do telhado, Reserva de Cangandala, Lagoa de Quipemba, Quedas do Cafunfo, Salinas do Bongo, acrescento os belos recantos para pic-nic e relaxar, como a Fonte dos Amores no Quissol, o Polígno Florestal, a Casa do Gaiato.

Naqueles tempos, dizia-se a boca cheia que os distritos de Malanje e Huíla, eram considerados, sob o ponto de vista turistico os mais belos de África.

Que mais me apraz dizer desta cidade e deste distrito, que o destino por lá me fez nascer e crescer….

Esta  Malanje do coração e da saudade diária !!

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