Cronistas

Não confesses

Um rapaz adolescente acorda numa manhã de sábado, e ao descer as escadas da sua casa, encontra os pais sem vida.

Desesperado liga para o 112, e rapidamente chega a polícia é uma ambulância. Já era tarde para a mãe, mas o pai poderia safar-se.

A polícia começa a revistar o local e está sem pistas. O rapaz diz não ter ouvido nada. Sem suspeitos, começam a apontar tudo para o filho do casal atacado.

Descobriu-se há pouco tempo nos Estados Unidos que, da percentagem de confissões falsas dadas por pessoas que não cometeram crime nenhum, é bastante elevada. O que não se sabia era que estas confissões não eram apenas feitas por pessoas que queriam proteger outras, mas sim por pessoas que começavam, em algum momento da investigação, a acreditar realmente que tinham cometido algum crime.

A polícia é muito pressionado a fechar os casos. Principalmente de crimes graves como são o homicídio, violações, tráfico de droga… Se os casos ficarem em aberto, as cidades tornam-se menos seguras, sabendo que há infratores à solta.

Quando perceberam que não tinham por onde pegar no caso do casal que foi atacado, começaram a fazer algo ilegal, mas muito comum nas investigações. Começaram a inventar provas, para que o falso suspeito confessasse.

Inventaram que havia um cabelo recente dele no corpo da mãe. Era mentira…

O rapaz contou que assim que acordou desceu e encontrou os pais.

Inventaram que sabiam que ele tinha tomado banho antes deixar ao 112, pois tinham feito um teste de humidade na banheira e tinha dado positivo. Era mentira…

O rapaz começou a ficar confuso. Era tanta pressão, os polícias estavam a ser rudes, a apresentar provas. Na cabeça dele ele pergunta-se: “Meu Deus, será?” A certeza des já não é tanta…

Para acabar com tudo… O homem do casal sobreviveu ao ataque, estava vivo.

Inventaram que o pai dele tinha dito que o seu filho tinha atacado os pais. Era mentira…

Quando o rapaz ouviu isto, sabendo que tinha um pai correto, que não mentia, depois de horas de pressão em interrogatório, confessou o crime, pensando que secalhar durante a noite, num ataque de sonambulismo, o tinha feito.

Muitas mas mesmo muitas pessoas estão presas por terem sido convencidas de que fizerem coisas que não fizeram, ou simplesmente por terem cedido ao cansaço de horas de investigação e meses de perseguição da polícia com provas falsas.

Onde é que esta história se relaciona contigo?

Se uma pessoa acredita, depois de muita insistência e manipulação, que foi capaz de cometer algo tão grave e chocante, mesmo não tendo feito, imagina tu quando te tentam convencer que és algo que não és, ou quando te dizem que não és capaz de algo que afinal és.

Pior é que, tal como a polícia não tinha nada contra o rapaz, e só queria ficar bem na história por encontrar um culpado, as pessoas que te passam a vida a convencer de algo, fazem para próprio conforto delas, não por ter algo contra ti.

Assim se te manteres pequeno, estás pessoas também têm uma desculpa para se manter pequenas.

Se te convencerem que és fraco, pouco inteligente, tímido, ou o que quer que seja, eles sentem-se mais confortáveis por poder dizer que as coisas estão difíceis. Porque estão difíceis para todos.

Se tu estragas o esquema acreditando em ti, fazendo mais e além, sendo forte, proativo, resiliente, persistente… Eles vão ter que se mexer!

Entendes o esquema do deitar os outros abaixo? Do acusar os outros por coisas que não fizeste e não és? Não por ti, é por eles mesmo. É um ato egoísta de desespero.

“Mas Nádia, achas mesmo que as pessoas chegam a esse ponto?”

Se chegam ao ponto de tirar a liberdade de alguém durante anos, imagina o que mais?

Não caias nisso! Não confesses!

Até para a semana!

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