Eugénio Costa AlmeidaOpinião

Depois do XIII Congresso da UNITA, viragem ou continuação?

A data de 15 de Novembro de 2019 pode ser uma data para ficar como um dos marcos históricos do País ou pode ficar como mais uma data o calendário gregoriano. O XIII Congresso ordinário da UNITA elegeu o terceiro presidente do Galo Negro, o engenheiro Adalberto da Costa Júnior, até agora, líder parlamentar do partido fundado em 13 de Março de 1966 no Muangai, por Jonas Malheiro Savimbi entre outros co-fundadores.

Pela primeira vez, o partido não elegeu como líder saído das matas ou a ele directamente ligado. Adalberto da Costa Júnior foi sempre um civil, um diplomata que percorreu os caminhos da Diáspora em nome e a favor da UNITA.

Não vou entrar pelos caminhos que ceras pessoas, nas páginas sociais e em alguns portais de órgãos de informação começaram logo a singrar como:

  • a região de naturalidade – que se saiba, e ainda ninguém o desmentiu ou teve essa tentação, o novo líder da UNITA, nasceu em Angola, logo torna-se estranho essa preocupação de saber se nasceu aqui ou ali;
  • a certificação ou não das suas competências académicas – estas só interessam aos Ministérios da Educação e do Ensino Superior caso o mesmo deseje complementar os seu estudos académicos e, aí, terá de entregar fotocópias autenticadas do ou dos diploma(s) à Instituição Universitária mais representativa do País, por ser nela que estão depositado, segundo me foi informado, por motivos académicos, as cópias os referidos diplomas –. Há de quem se possa duvidar das mesmas competências e ninguém o faz. Se fossemos verificar muitos dos que estão nas páginas sociais e se identificam como funcionários do MEC (Ministério da Educação), licenciados em inúmeras Universidades e escrevem terrivelmente mal em português, das duas, uma (ou três): ou são mentirosos, ou as Universidades nacionais dão “canudo” a qualquer um e de qualquer forma, ou… ou pensem…;
  • a dúvida da nacionalidade que se saiba, a lei nacional só impõe aos Presidentes e Vice-Presidente a nacionalidade única angolana. A todos os outros isso não está contemplado em qualquer estatuto. Mas há logo quem divirja para o que nada têm a dizer…

Dito isto, pergunta-se o que trará o novo presidente da UNITA, o engenheiro Adalberto da Costa Júnior, desde logo – saúde-se este nobre acto de democracia e respeito pelas Instituições – cumprimentado pelo Presidente da República, o General na reserva e licenciado em História, João Lourenço, ao sublinhar e desejar que “esta eleição represente o fortalecimento da oposição, a bem da democracia

No acto de posse o novo presidente, Adalbero da Costa Júnior afirmou que quer unir o partido e os militantes, em torno da génese de Muangai, sublinhando que deseja ser “uma ponte entre a sabedoria dos mais velhos e a irreverência dos mais jovens” e apontou factos que considera necessários para melhorar o clima político e social nacional:

  • haver uma “revisão da Constituição, a despartidarização do aparelho do Estado, uma justiça isenta e um regulador do sistema financeiro independente do executivo [sem os quais], o país não terá condições de se desenvolver”;
  • alicerçar a “necessidade de realizar eleições autárquicas em simultâneo em todo o país em 2020”;
  • seja implementada uma “Comissão Eleitoral séria e credível”;
  • que haja uma séria e real “mudança de boa governação e transparência”, bem como “mudar as más práticas” de certas pessoas e atitudes;

Sublinhem-se todos estes actos e desejos do novo presidente da UNITA, «Adalberto da Costa Júnior., nomeadamente, no que tange às relações e ao fomento da união entre e com os militantes e simpatizantes, em particular, e com os angolanos, em geral.

Mas como recordava o portal do semanário Folha 8, no passado dia 16 de Novembro, após a eleição de Adalbero da Costa Júnior, num texto intitulado «Lamentar, quando o momento exige acção, é favorecer o inimigo» e num sub-título interno «A memória continua a existir», e referindo-se a um artigo publicado no Notícias Lusófonas, a 22 de Junho de 2007, assinado por Aristides Pascoal e intitulado «Começou a guerra contra os que pensam diferente»”, não esquecer que Adalberto da Costa Júnior, então secretário para a informação da UNITA, mandou suspender – leia-se, proibiu – que no portal da UNITA na Europa (www.unitaeuro.com – entretanto desactivado) não fossem reproduzido textos de algumas pessoas que tinham – e têm – a “mania” de pensarem pela sua própria cabeça e não sabem ser “Yes Man”. Eu fui um deles. Mas também posso dizer que já depois disto, já fui convidado para publicar algum artigo, sempre que considerar fazê-lo no Terra Angolana. Ainda não se proporcionou.

Talvez Adalberto da Costa Júnior se limitasse a seguir as celebérrimas e enigmáticas “ordens superiores”…

Porque o, e do, passado só deve servir para recordar o que, por vezes ou sempre, de certa forma, sublinhou, as más-práticas não se devem repetir no presente e no futuro, tal como o Presidente João Lourenço, quero acreditar que a eleição de Adalbero da Costa Júnior poderá e deverá trazer uma nova liderança e uma nova mentalidade para e dentro da UNITA. Daí esperar que haja uma viragem e não uma continuação de certos actos.

Saudemos o novo presidente do maior partido da Oposição e que o País ganhe com isso.  

E saudemos – e que outros o saibam copiar ou melhora – a enorme democraticidade e exemplo que o Congresso da UNITA deu ao País. Quer no seu preâmbulo – e aqui tomo a liberdade de saudar o meu bom amigo Dr. Anastácio Sicato pelo enorme trabalho que coordenou para a realização deste XIII Congresso ordinário do Galo Negro –, quer no decorrer, quer no seu encerramento.

* Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e investigação para Pós-Doutorado pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado

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