Cronistas

Questões do poder autárquico

O poder local é um pilar da democratização do país, porque se funda nos direitos e liberdades fundamentais dos angolanos, consagrados na Constituição, assim como se alicerça nos princípios estruturantes da dignidade da pessoa humana e da vontade soberana do povo angolano.

Esta foi a afirmação do dr. Luís Carvalho Rodrigues – um perito em Administração Pública, também consultor das Nações Unidas e União Europeia, com larga experiência em muitos países (incluindo Angola) de vários continentes – quando com ele conversava sobre o que deveria ser o poder autárquico no nosso país. Preocupado que estou com um passo político tão importante na vida de Angola, procuro informar-me e levantar questões. E dessa conversa retive bastantes conceitos de que vou reproduzir alguns.

Na concepção e implementação do poder local tem de estar bem presente o princípio da coesão social. Disso depende o progresso real do país. Com efeito, esta coesão que é necessariamente económica e social exige um desenvolvimento harmonioso reduzindo as disparidades entre os níveis de desenvolvimento das diversas regiões e o atraso das regiões mais desfavorecidas.

Deve ser plenamente aceite que um país é mais forte se melhor distribuir a riqueza pelo seu território. A distribuição da riqueza, por sua vez, arrasta consigo a questão da subsidiariedade. Ou seja, face à circunstância conjuntural da desigualdade no rendimento de cada região territorial, as mais ricas têm de assumir transferir recursos para aquelas, até se aproximar o equilíbrio.

Um dos elementos fundamentais do poder autárquico é aproximar a decisão do local onde decorre a acção. O que implica saber descentralizar e dotar as autarquias com os meios humanos e materiais àquele desiderato.

Criar autarquias não pode ser, assim, um constructo de peças de lego para entreter as legítimas exigências das populações, ou, de forma perversa, gerar cargos que interessam a certas elites locais. É, antes, conferir competências (estas decorrem das atribuições e são os poderes que são dados aos órgãos). Mas as competências precisam de recursos para poderem ser exercidas, como acima se aponta. E tudo de forma tão harmonizada quanto o possível, em três níveis: micro, meso e macro.

Todo este ideário requer uma participação. Os cidadãos devem intervir de forma permanente e estrutural e não estar aquela garantida apenas no momento eleitoral. A participação constitui pressuposto e condição para uma governação democrática.

Por hoje, fico-me por aqui, mas procurarei conversar mais sobre tão importante tema.

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading