Cronistas

A “indigente” caminhada na Liberdade

Antes de suspender as minhas reflexões socio-jurídicas para férias de Dezembro, em que regra geral mergulho em campanhas para que outros tenham um natal tão feliz quanto o meu, decidi reflectir sobre as sinuosidades, “os constrangimentos e os dissabores” da caminhada na liberdade tendo por arma o amor e o direito. Tendo por foco as reacções. Poderia denomina-las consequências, mas não merecem este nome.

A história é rica em exemplos de pessoas que ao decidirem viver em liberdade e na liberdade de ser, estar, pensar e dizer encontraram conforto, amizade e compreensão de imensa gente de quem não esperava e o distanciamento, desconfiança e desconforto de pessoas que se tem/tinham por amigos.

Basta citar pessoas, a título de exemplo, João Baptista, Jesus Cristo, Sócrates, Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr. entre outros. Longe de me aproximar sequer a metros dos calcanhares destas e outras figuras peregrinas e atletas da liberdade e, numa visão meramente microcósmica e circunscrita à nossa Angola onde vozes e atitudes que longe de serem ousadas e de constituírem um verdadeiro confronto de ideias revelam em muitos casos a mesquinha e medíocre atitude de gente que não entra, nem deixar entrar, não faz nem deixa fazer.

Entretanto são efectivamente estes compatriotas, e não são poucos, que no mais das vezes, representam um verdadeiro obstáculo à mudança, pretendo que todos ao redor possam respirar e viver o mesmo ambiente de medo inexistente, em nome da defesa do pão para os filhos ou da trágica e irrecuperável “falência de Angola”, por ter já donos e ser impossível uma mudança a qualquer título.

Como se não bastasse isso, criam fantasmas e arranjam umas vezes explicações e outras justificações, pasme-se, não para os seus comportamentos mais para os comportamentos dos outros que remando contra a maré decidem viver, estar, pensar e dizer em liberdade e com liberdade.

Lembro-me do meu caso em concreto – não sendo efectivamente o caso extremo – ganhei imensos rótulos: de ser um elemento da oposição e a fazer politica pura de forma disfarçada; de estar ao serviço da OPUS DEI; ser um agente ao serviço do SINSE; de ter uma agenda velada de tomar de assalto cargos de Direcção na universidade em que sou docente; de estar agir sob patrocino de forças estrangeiras ou de querer arranjar problemas aos amigos que andam em diversas estruturas do Estado, etc, etc.. Pior do que isto é perceber que de facto é gente “amiga” que veicula estes rótulos e numa clara atitude de medo nunca reagiram “publicamente” isto é nas redes sociais onde partilho o meu pensamento nem sequer com um “like”, talvez temendo consequências/análogas idênticas as que Paulo Flores muito bem canta e ilustra na musica do seu último trabalho discográfico.

Deste modo ponho-me a pensar comigo mesmo: todos queremos uma nova Angola, todos queremos as instituições a funcionarem da melhor forma possível, todos queremos melhor políticas públicas, enfim todos queremos mudanças, mas uma minoria quer de facto mudar.

Os “bota-a-baixo” olham com bastante cepticismo para os novos ventos de mudança e mais preferem calar quando percebem os atropelos nas decisões, nas escolhas e nos comportamentos. Enfim – o homem angolano quer continuar igual a si mesmo – todos querem mudança, mas poucos estão dispostos a mudar e outros pouquíssimos querem de facto ser agentes da mudança. É necessário aproveitar-se a atmosfera de uma nova forma de estar de Angola e do angolano e o crepúsculo de um país normal para cada um colocar a sua pedra nestes alicerces do porvir.

Quem se decide trilhar por caminhos da liberdade é fundamental estar cônscio de que muitos próximos se afastarão, entretanto imensa gente com o mesmo ideal caminhará contigo rumo ao futuro, qualquer que ele seja, o importante mesmo é a firme convicção de REMAR A VERDADE NO MAR DA MENTIRA, DO MEDO E DA HIPOCRESIA. Pois a caminhada na liberdade longe de indigente é audaz, prazerosa e gratificante. Este É O TEMPO, O TEMPO É ESTE ANGOLA! DEZEMBRO FELIZ. FAÇA O BEM SEM OLHAR A QUEM.

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading